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Dizem que 99,9% das pessoas que estão indo assistir ao documentário “Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você” nos cinemas, surpreendem-se com os discretos riachos de lágrimas que escorrem dos olhos.
Por que? Porque o filme de Roberto de Oliveira (II) e Jom Tob Azulay, com roteiro de Nelson Motta, visita um mudo que não existe mais.
Claro, havia guerras, havia conflitos, mas nos anos 1960/70 a sociedade parecia buscar as brumas da liberdade existencial, de várias maneiras representadas por Tom Jobim (1927-1994) e Elis Regina (1945-1982).
Em outras palavras, o mundo era muito mais Odara, livre, leve, solto, sem esse azedo odor de neofascismo, dinheiro sujo, podres poderes tanto da direita quanto da esquerda.
Assista ao trailer aqui:
O filme
“Elis & Tom, Só Tinha de Ser Com Você” é um documentário que conta com imagens da gravação do antológico álbum que juntou a cantora Elis Regina com Antonio Carlos Jobim, o Tom.
Gravado pelo produtor Roberto de Oliveira durante gravação, em Los Angeles, nos Estados Unidos, do álbum lançado em 1974, o filme apresenta bastidores inéditos, que permaneceram guardados desde então, e que mostram todos os altos e baixos por trás da produção do álbum – que por muito pouco não foi interrompida.
Segundo o site Papo de Cinema, a primeira riqueza de “Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você” é a utilização de filmagens antigas, em 16mm, dos bastidores da gênese de Elis & Tom, um dos principais discos da música brasileira.
Os diretores Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay utilizam bem o acervo lindamente restaurado que confere uma dimensão íntima e pessoal ao documentário.
Vemos Elis Regina e Tom Jobim afinando as coisas no estúdio para suas propostas musicais distintas convergirem em algo capaz de comprovar (ainda mais) a genialidade de ambos.
Flagrantes excepcionais, como o do maestro fumando durante um dueto, reforçam a ideia de proximidade entre a câmera e os personagens, bem como o despojamento dos gigantes sendo capturados pelas lentes.
O roteiro assinado por Roberto de Oliveira em parceria com Nelson Motta opta por um caminho seguro: primeiro, resume a história de um dos pais intelectuais da Bossa Nova, abordagem funcional para as novas gerações compreenderem a importância de Tom Jobim aos cenários mundiais, isso desde que surgiu no Rio de Janeiro com um estilo inconfundível; segundo, faz praticamente o mesmo procedimento com a Pimentinha, a gaúcha Elis que no ano de 1974 (o da gravação do álbum) procurava reposicionar a sua carreira depois da apresentação polêmica nas Olimpíadas do Exército – pela qual foi duramente criticada, pois vigorava no Brasil a cruel ditadura civil militar.