Construção de Angra 3 vai gerar mais de 25 mil empregos
Obras da usina começam em 2024, segundo o presidente da Eletronuclear
Construção de Angra 3 vai gerar mais de 25 mil empregos
Foto do autor João Eduardo Dutra João Eduardo Dutra
Por: João Eduardo Dutra Data da Publicação: 19 de Outubro de 2023FacebookTwitterInstagram
Fonte: Divulgação

As obras da terceira usina do complexo nuclear de Angra dos Reis, Costa Verde do Rio de Janeiro, tem previsão de começar já em 2024, segundo o presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court.

Os planos foram apresentados nesta quarta-feira (18), na 8ª Conferência Cidades Verdes, no Centro de Convenções Firjan.

Além de reforçar a matriz energética de baixa emissão de carbono no país, a construção de Angra 3 deve gerar sete mil empregos diretos e 20 mil indiretos, com a movimentação de recursos da ordem de R$20 bilhões.

O presidente ressaltou a baixa emissão de carbono na produção de energia nuclear, o que tem levado diversos países ricos a retomarem a construção de usinas. A França tem 14 unidades em estudo, e há projetos de retomada de projetos em países como Estados Unidos e Europa.

"A energia nuclear emite apenas 12 gramas de carbono por Quilowatts/hora, sendo comparável apenas à energia eólica, enquanto outras fontes chegam a emitir 400. É uma geração de baixo carbono, e por isso o mundo inteiro discute esse caminho para a transição energética", afirmou o presidente da Eletronuclear.

Ele acrescentou ainda que a operação de Angra 1 e Angra 2 nunca causou problema grave à população, ao meio ambiente ou aos trabalhadores. Além disso, o complexo possibilita o desenvolvimento do hidrogênio como fonte de energia.

“Nós já produzimos hidrogênio para a usina, temos muitos estudos, e agora vamos partir para o estudo de viabilidade técnica e econômica para produzir hidrogênio em quantidade suficiente para gerar energia", afirmou Eduardo.

A construção de Angra 3 e a possível geração de energia por hidrogênio na região reforçam o domínio da cadeia de produção pelo Rio de Janeiro, consolidando o estado como capital da energia no país.

Engenheiro responsável pelo projeto de hidrogênio da Eletronuclear, Nelri Ferreira Leite disse na conferência que, atualmente, o estado brasileiro que está "capitaneando a revolução do hidrogênio" é o Ceará, que tem o Complexo Industrial e Portuário de Pecém e faz parceria com o porto de Roterdã, na Holanda, com investimento de 5 bilhões de euros no ciclo do hidrogênio.

“Hoje, a grande vedete do hidrogênio limpo está no Nordeste", disse Nelri, que apresentou detalhes sobre a fase em que se encontram os estudos de produção de hidrogênio nas usinas de Angra.

A redução de carbono na mobilidade urbana também foi um dos temas centrais da conferência, com ênfase nos transportes públicos. A Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Rio de Janeiro) instalou no local um “carbonômetro”, um painel eletrônico que estima a quantidade de carbono que cada passageiro deixa de emitir ao usar o transporte público. Quem dispensa o carro para andar 20 quilômetros por dia de ônibus, por exemplo, contribui para a proteção do planeta como se plantasse quatro árvores por ano. Em dez anos, daria para arborizar uma praça, com 40 árvores.

A diretora de Mobilidade da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro), Richele Cabral, disse que, apesar de reconhecer a urgência e importância da substituição de combustíveis fósseis por fontes renováveis nos transportes públicos, "a prioridade deve ser garantir que as pessoas cheguem mais rápido aos lugares, pois isso é qualidade de vida”.

"Precisamos de mais faixas e corredores exclusivos. É nesse momento que a pessoa ganha confiança no transporte coletivo, quando sabe a hora em que vai sair de casa e chegar ao trabalho. Não é sustentável viver preso no trânsito, sem previsão de chegada", disse a dirigente.

A 8ª Conferência Cidades Verdes foi organizada pelo Instituto Onda Azul em parceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). "O Futuro da Água e da Energia nas Cidades Sustentáveis" foi o tema desta edição, que reuniu centenas de pessoas no Centro de Convenções Firjan, no centro do Rio, nos dias 17 e 18.

Relacionadas