Conheça os novos esportes Olímpicos para 2028
A equipe de A TRIBUNA preparou uma matéria especial sobre as cinco novas modalidades dos jogos
Conheça os novos esportes Olímpicos para 2028
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Por: João Eduardo Dutra Data da Publicação: 22 de Outubro de 2023FacebookTwitterInstagram
Fotos: Reprodução/Internet

Com Pedro Menezes

Desde a Grécia Antiga, a prática de diferentes modalidades na mesma região e ao mesmo tempo encanta o ser humano. No século XIX, o Barão de Coubertin captou o delírio existente na antiguidade e reviveu os jogos, semeando a ideia do que a competição viria a ser nos dias atuais.

De quatro em quatro anos, os seis continentes param para assistir os melhores atletas disputarem o objeto que virou sinônimo de vitória, a medalha de ouro, na maior competição esportiva do mundo, as Olimpíadas.

A primeira edição, em 1896, contou com apenas nove modalidades. Hoje em dia, o Comitê Olímpico Internacional (COI) trabalha com 28 esportes centrais e com a ideia de adicionar novos esportes a cada evento. Em Paris, no ano que vem, serão 32.

Para Los Angeles, em 2028, o COI divulgou uma lista de cinco modalidades que entrarão no programa. E sempre que entram novos esportes, desperta a curiosidade dos espectadores.

Assistir as Olimpíadas é uma paixão mundial. Todos querem saber as regras, nem que seja por menos de um mês, para torcer de maneira ufanista pelas medalhas que estão sendo disputadas.

Porém, as novas adições não estão exatamente nos catálogos dos mais vistos no Brasil. Beisebol/softbol, squash, críquete, flag football e lacrosse, serão as novidades em Los Angeles.

Tais modalidades não juntam espectadores no bar na tarde de domingo, nem contam com brasileiros no topo dos rankings mundiais ou demandam mesas redondas diárias para o debate esportivo.

Por isso, o jornal A TRIBUNA, entrou em contato com especialistas e praticantes dessas modalidades e preparou um conteúdo especial de tudo que você precisa saber para chegar em 2028 e não passar vergonha na hora da conversa de bar.

Ubiratan Leal é um jornalista da ESPN e especialista em vários esportes que fogem do normal do brasileiro. Apelidado de "O Livro" pelo seu vasto conhecimento, Ubira falou da adição das cinco modalidades nas Olimpíadas e que ela representa para a popularização das tais no Brasil.

Para Ubira, as modalidades que já tem alguma estruturação com confederações nacionais devem se beneficiar bastante com a adição. O jornalista cita o críquete, o beisebol, o squash e o flag football, através do futebol americano, como os exemplos de minimamente estruturados no país, a exceção fica para o lacrosse, que é praticamente inexistente no Brasil.

"O Comitê Olímpico Brasileiro (COI) recebe verba de loterias do governo e de diversas fontes e tem que distribuir entre as confederações das modalidades. Confederação de vôlei, de atletismo, de natação. E vai distribuindo. Vai ter que ter uma parcela para o beisebol, uma parcela para o futebol americano, uma parcela para o críquete, pro squash. Isso deve ajudar muito a pagar contas, a investir em desenvolvimento de atleta", disse o jornalista.

Apesar da estruturação básica em algum desses esportes, Ubiratan acredita que as modalidades ainda estão muito aquém do seu potencial no país.

"Todas elas ainda estão muito aquém do que podem. Eu acredito que a que tenha mais estrutura no Brasil é o beisebol, junto com o softbol, porque é um esporte que já é praticado há décadas, sobretudo por causa de clubes e pela comunidade japonesa, que é muito forte em São Paulo e no norte do Paraná, mas a gente também tem clubes no Mato Grosso do Sul, no Mato Grosso, em Belém, por causa da comunidade japonesa. E depois, com o tempo, começaram a surgir clubes em outros lugares, alguns times. Mas então tem clubes ali que têm categoria de base e tem campeonatos que são disputados já há décadas", comentou Ubira.

 

Beisebol/Softbol

O beisebol é um dos esportes mais populares do Japão, e, como dito pelo Bira, ele é muito forte nas comunidades japonesas aqui no Brasil, por isso uma certa estruturação já existe. Conhecido como o "passatempo da América", a modalidade tem mais de 100 anos de liga organizada nos Estado Unidos.

Além desses dois países, o beisebol também é muito popular na América Latina, em lugares como Venezuela, México, República Dominicana e Cuba. No Brasil, o COI estima que mais de 30 mil atletas praticam a modalidade espalhada por 120 times no território nacional.

O esporte já entrou e saiu várias vezes do cenário olímpico. O objetivo é pontuar batendo com um bastão em uma bola lançada e depois correr pelas quatro bases do campo

"O impacto da entrada do beisebol nas Olimpíadas é muito grande, principalmente aqui para o Brasil. A confederação brasileira de beisebol e softbol vai receber o investimento e aí consegue investir mais no esporte aqui no país. Existem boas expectativas para o desenvolvimento do esporte com essa entrada do Baseball nas Olimpíadas, conta Everton Vasconcelos, fundador da página "Beisebol Mundo Afora".

Para Ubira, o beisebol nas Olimpíadas pode ser interessante, principalmente baseado na Copa do Mundo de Beisebol, o World Baseball Classic (WBC), que teve uma adesão muito grandes, com os melhores jogadores da Major League Baseball (MLB) participando.

"O World de Baseball Classic (WBC), sobretudo a edição deste ano, que foi espetacular e teve muita audiência, muita repercussão nos Estados Unidos, no Japão, ajuda a fazer com que o meio do beisebol, a comunidade, os torcedores, tudo, tudo eles percebam a graça que tem em competições. porque o esporte, os esportes americanos, não tem uma cultura de competição, de seleção muito forte.

Flag Football

O flag football é uma variação do futebol americano tradicional, da National Football League (NFL). Ao invés de capacetes e proteção para os ombros, os jogadores utilizam fitas (flags!) na cintura, para evitar os tackles (a forma de derrubar no jogo). Ou seja, tem menos contato do que a versão popularizada nos Estados Unidos.

O atleta de flag, Rodrigo Moizéis, conta que foi atraído pela NFL, e diz como é praticar o esporte no Brasil.

"Hoje o cenário do flag football no Brasil  é de desenvolvimento, então ele ainda é um esporte amador. Ninguém recebe pra jogar flag no país, mas é um esporte que tem crescido muito, o número de participantes, e o desenvolvimento de projetos de base. Temos mais de 100 atletas envolvidos com o projeto da seleção brasileira masculina e feminina", explica.

Ubira Leal acredita que esse é o esporte onde o Brasil mais possui chances de medalha, por outro lado, pode ser também difícil se classificar, por conta de vários países na América possuírem seleções competitivas.

"Pensando em perspectiva de disputar e de medalha, o Brasil é até relativamente competitivo no flag football, mas ainda é um esporte que assim está crescendo muito e que cresce rápido", avalia o jornalista

Squash

Squash é praticado com raquetes e com uma pequena bola, por dois jogadores (ou quatro jogadores para disputa de duplas).

O jogador deve rebater a bola contra a parede, e após isso, a bola, depois que bate na parede frontal, pode tocar nas laterais ou na parede do fundo, mas só deve bater uma vez no chão, quando tem que ser rebatida pelo adversário.

Quando a bola atinge a parede, ela é esmagada (em inglês, squashed), o que originou o nome do esporte.

"Fui atraído pelo que chamamos "vírus" do squash. Capaz de se sentir atraído na primeira batida. Toda a dinâmica que o esporte traz, não fui capaz de encontrar em outro esporte. Ainda mais individual, temos uma batalha física, mental, técnica e tática unica dentro da quadra", disse Diego Gobbi, bicampeão brasileiro da modalidade.

"Eu acho que desses daí o squash, provavelmente o esporte que é mais global. É o esporte que de alguma forma tem mais atletas competitivos, mais chance de medalhas espalhadas por países diferentes, os quais são fortes. Além da Inglaterra, onde foi criado, o squash é muito forte no Oriente Médio, tem muito atleta de ponta de países árabes", disse o jornalista

Críquete

Todo niteroiense raiz já ouviu falar no Rio Cricket. No clube, fundado em 1897, os primeiros sócios praticavam críquete e tênis. Hoje em dia, o esporte não é mais jogado na ex-capital Fluminense. Porém, renasceu num local "aleatório": Poços de Caldas, em Minas Gerais, onde a Prefeitura e o clube Caldense mantém um projeto do esporte.

Ubira conta que o críquete foi um esporte forte no Brasil no passado.

"Lá na virada do século XIX para o século XX. Muitos clubes de futebol do Brasil tinham um departamento de críquete, o Vitória da Bahia foi criado como um clube de cricket. Hoje em dia também se joga em São Paulo, por exemplo, o SPAC, que é o São Paulo Atlético Clube, e tem um jogo de cricket", diz o jornalista.

Nas regras, jogam onze atletas de cada lado. O arremessador lança uma pequena bola para tentar derrubar três varetas fincadas no solo, chamadas de "wicket". O rebatedor tenta afastar a bolinha. Quanto mais forte ele rebate, mais pontos tem chance de fazer. O jogo é semelhante ao taco, jogado nas ruas do Brasil.

Nas Olimpíadas será jogada a versão T20, que é mais curta que a versão tradicional, porém, mais televisionados. Os principais torneios nacionais do mundo jogam nesse formato, no entanto, na Copa do Mundo ainda é mantido o modelo tradicional onde os jogos duram cerca de oito horas.

"Acerca dos praticantes tivemos um crescimento significativo aqui no país. O trabalho com a comunidade em Poços de Caldas é nosso maior triunfo, inclusive gerando jogadores para as seleções de base e principal. E junto da divulgação na internet e do engajamento nas comunidades estrangeiras, há um crescimento significativo se compararmos a 10 anos atrás, por exemplo", diz Felipe Lima de Melo, do Canal Criquetistas

Lacrosse

Lacrosse é um esporte de equipe, jogado com um taco que possui uma rede na ponta. Os jogadores usam a cabeça do taco para carregar, passar, pegar e atirar a bola para o gol. Ganha quem faz mais gols.

"Lacrosse é uma modalidade praticamente inexistente no Brasil. Temos só um ou outro entusiasta", explica Ubira Leal.

"Ele é um esporte forte no Canadá, nos Estados Unidos dentro de  seu universo. Lá fora, recentemente foram criadas duas ligas profissionais, uma liga para lacrosse indoor e outra liga para lacrosse outdoor. Se joga em estádios de futebol americano ou estádio de futebol", conta o jornalista.

Ubira acredita que a entrada do lacrosse nas Olimpíadas foi ocasionada por um certo lobby do país sede.

"Pra mim é medalha de ouro e prata para Canadá e Estados Unidos e os outros bem abaixo. Acho que não vai ter tanta competitividade. Tanto é que me surpreendeu um pouco a entrada. O dono da casa pesou um pouco a mão ali para conseguir ter um esporte em que ele vai ser forte", finaliza.

 

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