O vendedor de carros Thiago Torres Fernandes, de 39 anos, conhecido como Titico, foi executado a tiros dentro de seu carro, um VW Santana vinho, na Rua Tenente Osório, no bairro Fonseca, em Niterói, na noite de sábado (5). O veículo, de placa LBK3C14, apresentava múltiplas perfurações de bala. Thiago foi encontrado já sem vida no banco do motorista.

De acordo com a Polícia Militar, por volta das 23h, agentes do 12º BPM (Niterói) foram acionados pelo Centro de Operações para verificar denúncias de disparos de arma de fogo na região.

Ao chegarem ao local, os policiais encontraram o veículo parado na via com diversas marcas de tiros. No interior do automóvel, estava o corpo de Thiago, sem sinais vitais.

A ocorrência mobilizou também agentes da Divisão de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). A perícia técnica foi realizada no local, enquanto a remoção do corpo foi feita pelo Corpo de Bombeiros, que chegou por volta de 1h13 da madrugada deste domingo (6).

O carro foi recolhido e levado para a delegacia, onde passará por análises adicionais, como coleta de impressões digitais, vestígios de DNA e possíveis projéteis para comparação balística.

Thiago tinha anotações criminais

Segundo registros da polícia, Thiago já havia sido autuado por tráfico de drogas, ameaça e vias de fato. Apesar disso, ainda não se sabe se essas anotações têm relação direta com sua morte. A DHNSG investiga se o crime pode estar ligado a disputas entre facções criminosas que atuam no Fonseca e áreas próximas.

A região tem forte presença da facção Comando Vermelho (CV) e há uma guerra velada por domínio de pontos estratégicos. A execução de Thiago pode ter ligação com esse cenário de tensão entre grupos rivais ou mesmo com acertos internos.

“Santana do Titico”

Ele era bastante popular entre entusiastas de carros antigos, especialmente por seu veículo apelidado de “Santana do Titico”, que costumava exibir em eventos automotivos.

Um dia antes do assassinato, Thiago participou de um encontro de veículos antigos. Apaixonado por carros, também era torcedor declarado do Fluminense. Ele deixa uma filha pequena.

Crime ocorreu ao lado da delegacia

O local do homicídio fica ao lado da 78ª DP (Fonseca). A rua foi isolada para o trabalho da perícia e retirada do corpo, enquanto os policiais realizaram diligências iniciais na tentativa de identificar possíveis testemunhas e câmeras de segurança.

O caso é investigado pela equipe do delegado Bruno Schaeppi, da DHNSG. Questionado, ele informou que as investigações estão em andamento e que, por enquanto, não é possível divulgar mais detalhes. “As investigações estão em andamento. No momento, não podemos divulgar muita coisa”, disse.

A polícia busca agora por testemunhas, imagens de câmeras de segurança e possíveis registros telefônicos que ajudem a reconstituir os últimos momentos da vítima e confirmar a motivação do crime.

O corpo de Thiago foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Niterói, onde passava por exames na manhã deste domingo. Não há, até o momento, informações sobre horário e local do sepultamento.

Operação da PM no Fonseca

Poucas horas antes do assassinato de Thiago, o 12º BPM (Niterói) realizou uma operação que resultou na prisão de três homens por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e associação ao tráfico de drogas, a cerca de 1 km do local onde a vítima foi executada.

A ação aconteceu na Travessa Albertina Ladeira, na Comunidade do Pimba, também no bairro Fonseca e dominada pelo Comando Vermelho, entre 19h e 23h40 do sábado (5), mesma noite em que Thiago foi morto. A ocorrência foi registrada na 78ª DP (Fonseca).

Durante patrulhamento de rotina, agentes do Grupamento de Ações Táticas (GAT) identificaram um grupo de homens em atitude suspeita. Ao perceberem a aproximação da viatura, os indivíduos tentaram fugir, dando início a um cerco tático.

Após perseguição a pé e varredura no entorno, os policiais conseguiram capturar três suspeitos: um homem de 29 anos, com quem foi encontrada uma pistola Canik calibre 9mm, dois carregadores e 16 munições intactas, um de 24 anos e outro de 20 anos, com duas anotações criminais anteriores por tráfico de drogas.

Com o grupo, os policiais também apreenderam um rádio transmissor, equipamento frequentemente usado por traficantes para monitorar a movimentação da polícia. Segundo o boletim de ocorrência, eles foram autuados por porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, associação para o tráfico e associação ao tráfico de drogas. Todos permaneceram presos.

“É apenas uma linha de investigação. Ainda é cedo para apontar qual a linha faz mais sentido! O fato é que a vítima tinha varias anotações criminais, inclusive por tráfico e associação ao tráfico”, disse o delegado Bruno Schaeppi.