Câncer de próstata é a segunda doença que mais mata no Brasil, afirma INCA
A TRIBUNA conversou com oncologista que explica os riscos da doença e maneiras de se prevenir
Câncer de próstata é a segunda doença que mais mata no Brasil, afirma INCA
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Por: Gabriel Ferreira Data da Publicação: 04 de Novembro de 2023FacebookTwitterInstagram
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Com a chegada do mês do novembro, voltam-se às atenções para a prevenção ao câncer de próstata. A doença é o segundo tipo de câncer que mais causa incidentes na população masculina em todas as regiões do país.

De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, estimam-se que 71.730 novos casos de câncer de próstata surjam anualmente, entre 2023 e 2025. O órgão alerta ainda que fatores como histórico familiar de câncer de próstata antes dos 60 anos e obesidade para tipos histológicos avançados são algumas das causas para a doença.

A TRIBUNA entrevistou Mariane Sousa Fontes Dias, que é oncologista clínica e membra do Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Ela explicou que a prevenção é o melhor caminho.

“Existem medidas preventivas para reduzir o risco do câncer de próstata, mas a gente tem que lembrar que existem os fatores de risco que são modificáveis e os não modificáveis. Então, quando a gente fala de prevenção, a gente está falando de medidas que a gente possa instituir na nossa vida para tentar reduzir a chance de o câncer aparecer. Fatores modificáveis; dieta balanceada, evitar o tabagismo, ter um peso adequado, exercício físico. O sedentarismo é uma questão importante para essa população, principalmente, na verdade, não só para o câncer de próstata, mas para os cânceres em geral, mas existem outros fatores de risco que a gente considera que são não modificáveis, então, são fatores que a gente não vai conseguir interferir”, disse.

Genética

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A médica ressalta que a doença é mais comum na faixa etária dos idosos e que a genética pode influenciar. “A gente sabe que o câncer de próstata tende a aumentar a sua incidência quanto mais idosa a população fica, então a idade é um fator de risco para o aparecimento do câncer de próstata. O câncer tem um caráter genético, ele é uma doença que está relacionada a alterações no gene, mas quando a gente fala de questões genéticas, herança genética, hereditariedade relacionada ao câncer, isso ocorre numa minoria das pessoas que é um gene ou um grupo de genes que é passado de pai para filho, aumentando a chance desse paciente ter câncer de próstata”, afirmou.

Surgimento do Diagnóstico

A médica explicou como é feito o diagnóstico da doença.

“O diagnóstico normalmente vai ser feito a partir de uma biópsia. Então a gente tem os exames de rastreamento. O rastreamento é uma forma da gente tentar identificar doenças a partir de uma condição onde o paciente encontra-se assintomático e hoje o rastreamento por câncer de próstata ele é feito a partir da dosagem do PSA e do Toque Retal que são complementares. Eles não são estratégias que são substituíveis, um não vai substituir o outro. Então são estratégias complementares e a partir desse indício você pode ter uma alteração sugestiva de câncer, como a identificação de um nódulo, um aumento de PSA muito rápido, você pede uma ressonância magnética da próstata que identifica esses nódulos e pode auxiliar nesse diagnóstico. Essa ressonância vai ser usada para guiar uma biópsia e a biópsia é o que efetivamente a gente faz para diagnosticar, dizer qual é o tipo de câncer, a agressividade, se é um câncer mais indolente”, relatou.

Desafios para a cura

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Mariane Sousa Fontes Dias disse que o preconceito é um dos maiores desafios para a cura. “Um dos maiores desafios para a cura da doença é o paciente que tem o preconceito que e não quer fazer um toque retal. E essas são condições que normalmente dificultam a estratégias de tratamento curativas, pois quanto mais avançado o câncer, menor a possibilidade de cura. Então, o importante é se submeter ao rastreamento e fazer esse acompanhamento rotineiro com o seu urologista, e assim, você vai conseguir diagnosticar de forma mais incipiente localizada permitindo que a cura seja atingida de uma maneira mais eficaz”, afirmou.

Novembro Azul

Por fim, a oncologista explica a importância do Novembro Azul e diz que ele pode salvar vidas.

“Eu acho que o Novembro Azul é uma campanha muito importante, é o espelho do outubro para o câncer de mama nas mulheres. Essa conscientização é muito necessária para que as pessoas estejam informadas sobre os riscos e sobre a possibilidade de ter um tratamento adequado e saber que o câncer, quando diagnosticado de uma maneira precoce, está diretamente relacionado com altas baixas de cura. Então, a campanha do Novembro Azul vem para difundir. Sem dúvida, essa adesão vai acabar salvando vidas”, finaliza.

Vale lembrar que diante de qualquer sinal ou sintoma suspeito, os homens devem procurar imediatamente o serviço de saúde para realizar a investigação diagnóstica e, caso haja alguma alteração suspeita, seguir para a confirmação diagnóstica com exame histopatológico.

Ideal é uma consulta anual com um bom urologista.

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