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A Câmara dos Vereadores de Niterói debateu, em audiência pública realizada no começo da noite desta segunda-feira (30/10), um projeto de lei do executivo para que o próprio município subsidie a passagem em até 30% do valor da passagem. Para recuperação mínima de perdas, sindicato patronal defende valor do ônibus em R$ 6,13.
Em audiência de conciliação entre a prefeitura e o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Setrej), ocorrida no início de outubro, foi apresentada como proposta provisória de tarifa técnica o reajuste da passagem de ônibus de R$ 4,45 para R$ 5,15, a partir de 1º de janeiro de 2024. Os empresários, contudo, querem um valor quase um real mais cara, alegando que desde 2019 alertam o executivo a respeito da saúde financeira dos operadores do consórcio.
A audiência é um desdobramento do envio, no último mês de maio, de uma mensagem executiva a Câmara Municipal que dispõe a respeito da criação do subsídio financeiro para custear parte da tarifa dos ônibus da cidade.
Medida é defendida pelo Sindicato dos Rodoviários de Niterói a Arraial do Cabo (Sintronac), que mandou um manifesto com 18 propostas que poderiam ajudar na resolução do impasse. Os trabalhadores estão preocupados com o embate entre a prefeitura e o sindicato das empresas, que não chegam a um consenso a respeito da concessão ou não de subsídios tarifários para as passagens de ônibus na cidade e tampouco a apresentação definitiva do estudo de reequilíbrio econômico-financeiro do setor, o que pode culminar na instabilidade de empregos.
A audiência, presidida pelo vereador Daniel Marques, recebeu representantes dos sindicatos patronais e laborais, além de integrantes da sociedade civil.
Eliana Costa, de 68 anos, fez questão de comparecer à audiência. Ainda que assuma ser bastante cética quanto a qualquer melhoria que possa acontecer, ela diz que cumpre seu papel de cidadã indo assistir aos debates.
“A deficiência do transporte em Niterói é muito séria. Sobretudo, na Zona Norte. Acho um absurdo falar em aumento, quando o transporte é de tão baixa qualidade em bairros, como Barreto, Ponto em Réis e Engenhoca. No final - e como sempre - é o trabalhador quem vai sofrer. Confesso que espero muito pouco de benefícios saindo daqui, mas acho que é meu papel vir até aqui assistir e ver, de perto, nossos representantes batalhando pelo que é o melhor para a população”, disse.
Eliana veio acompanhada da filha, Júlia Pereira da Costa, 36. Moradora do Barreto, ela afirma não entender como um bairro importante para a cidade, que abriga importantes colégios, por exemplo, é tão “maltratado”, quando se trata de oferta de coletivos.
“O Barreto é um lugar, onde há escolas de referência, dentre elas, Pedro II e a Faetec. No entanto, a deficiência é muito grande de transporte, sendo que em outros lugares, como na Zona Sul, Icaraí, Santa Rosa, Região Oceânica, a questão é bem diferente. Parece que querem um aumento para melhorar o serviço, sendo que deveriam, ao meu ver, primeiro melhorar para que seja um acréscimo merecido, porque o aumento vem sempre, um atrás do outro, e a evolução é pouca ou nenhuma”, afirmou.
Procurado, o Setrej não respondeu a demanda antes do fechamento desta reportagem. Contudo, o espaço segue aberto e a matéria será atualizada tão logo chegue o posicionamento do sindicato.