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Badi Assad encantadora
Badi Assad encantadora
Foto do autor Aquiles Reis Aquiles Reis
Por: Aquiles Reis Data da Publicação: 31 de julho de 2024FacebookTwitterInstagram
Foto: Reprodução


Hoje vamos de 30 Anos de Olho de Peixe (independente), o novo CD da paulista de São João da Boa Vista (SP) Mariângela Assad Simão, a grande cantora, compositora e violonista Badi Assad. 
    O álbum foi gravado com a Mundana Refugi, orquestra formada por músicos imigrantes e refugiados de diversas partes do Brasil e do mundo, dirigida por Carlinhos Antunes. Os arranjos são divididos entre Daniel Muller, Danilo Penteado, Maiara Moraes, Pedro Ito e Rui Barossi, Badi Assad e Carlinhos Antunes.
    Num proveitoso exercício musical, escutei as oito músicas do disco, intercaladas com a audição dessas mesmas músicas já gravadas por Lenine e Suzano no seminal Olho de Peixe (1993), produção de Denilson Campos.     
    A pulsação do arranjo de “Leão do Norte”* (Lenine) vem atraída pela levada criada por Suzano e Lenine em seu álbum icônico. Badi canta como se sua garganta fosse o único jeito de se dizer verdades (e quem poderá dizer que não?). Abrindo vocais e tendo o som do pife a lhes dar ainda mais pujança, as verdades soam com a força nordestina que desce e se espraia pelo Brasil. 
    “Caribenha Nação/Tuaregue e Nagô” (Lenine e Bráulio Tavares) inicia com vocal aberto à capella. O ritmo pulsa malemolente. Com a voz dobrada a uma voz masculina, Badi vem emocionada e voa até que o suingue reforce sua intenção de enfatizar a ancestralidade da negritude, tema da letra de Tavares.
    “Acredite ou Não” (Lenine e Bráulio Tavares) tem Badi entregando de si tudo o que leva sua voz a dar vez ao arrebatamento de seu canto. A percussão é poderosa. 
    “Gandaia das Ondas (Pedra e Areia)” (Lenine): assim como fez Lenine, Badi canta à capella, afinada que só. A percussão vem se achegando levinha. Efeitos instrumentais soam aleatórios. A harmonia da canção enseja o intermezzo de guitarra, sopros e vocalises, emponderados pelo reverber bem utilizado. Lindo arranjo!
    “O Último Por do Sol” (Lenine e Lula Queiroga) chega suingado e pujante pelos sopros. O arranjo arrefece um pouco e Badi surge altiva, elegante. Ouve-se o intermezzo arritmo do violão. Vocalises puxam o final.
    “O Que É Bonito” (Lenine e Bráulio Tavares) tem uma percussão delicada, seguida pelo sax soando bonito. A música fica ainda mais bela na voz de Badi, que entoa a sensibilidade da letra. Ao sabor de vocalises e de improviso nos sopros, sustentados pela percussão, vão ao final.
    “Escrúpulo” (Lenine e Lula Queiroga) é um samba meio quebrado, meio troncho, genial, todo Lenine! Badi aguarda que o cowbell e os sopros quebrem tudo, para enaltecer a inventividade. E o arranjo se revela arrebatador!
    “Olho de Peixe” (Lenine): é com essa música que Badi fecha a tampa desse que é o melhor momento discográfico de sua carreira. Badi é extraordinária! A percussão inicia. Efeitos vocais pontuam. Palavras são reinventadas. Certezas são revistas. E tudo é pleno na voz de Badi que lança o verso de Lenine: “Descobrir o véu que esconde o desconhecido”.

Aquiles Rique Reis 
Nossos protetores nunca desistem de nós

*https://youtu.be/JV3HCuri_VQ

  

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