Titular da 74ª DP (Alcântara), o delegado Marcello Maia informou que as armas dos policiais militares que participaram da operação do 7º BPM no Jardim Catarina, em São Gonçalo, na terça-feira (4), foram recolhidas para exame de perícia. 

Na ocasião, duas pessoas foram baleadas, entre elas um PM, e um homem foi morto por bala perdida. O objetivo da Polícia Civil é saber de onde partiram os tiros que mataram Reginaldo Menezes.

Marcello Maia explicou que os PMs entraram na comunidade com o objetivo de reprimir o roubo de veículos. De acordo com a Polícia Militar, as equipes foram atacadas por tiros disparados pelos criminosos e houve confronto.

A PM ressaltou que foi necessário o apoio de homens do 35º BPM (Itaboraí). Durante a incursão, os agentes apreenderam um fuzil modelo Sarsilmaz 556, das Forças Armadas da Turquia, que também será periciado.

"As armas dos policiais serão apresentadas para exame pericial", disse o delegado.

"Já o fuzil apreendido no confronto é arma poderosa de grande poder de destruição, mas não posso afirmar se é utilizada por nossas forças de segurança", complementou.

Como era Reginaldo, segundo a viúva

Reginaldo Menezes tinha 52 anos e morava no bairro de Itambi, em Itaboraí. Além de cantor gospel também era presbítero, congregava no Ministério Boa Semente, no mesmo bairro onde residia. Ele estava no evangelho há 33 anos.

A esposa dele, Suzana Helena Ferreira da Silva, soube da trágica morte de Reginaldo ao tentar ligar para ele. A ligação telefônica foi atendida por outra pessoa, que comunicou o inesperado.

"Ele era um homem maravilhoso, principalmente pai. Ele era um paizão! Amava os filhos. Adotou meus filhos como dele. Ele dizia que tinha oito filhas, porque os filhos que não eram dele, passavam a ser dele mesmo. E ele dizia: são meus'. E aí de quem falasse que não era. Ele não admitia falar que era enteada, era filha. E meus filhos chamavam ele de paizão", disse a viúva.

Suzana Helena contou que Reginaldo estava andando na rua em direção ao serviço. Ele iria realizar um serviço de pedreiro no bairro Jardim Catarina. Segundo ela, o marido tinha um sorriso largo e todos se apaixonavam pelo jeito dele.

"Falavam: 'pô, esse negão, ele é diferente'. Até as pessoas da minha rua se apaixonaram por ele. Ele é uma pessoa apaixonante. Muito bom marido. Era caseiro. A gente só saía trabalho e igreja. E ele falava: 'não tenho a religião como profissão. Eu tenho minha profissão. Era serralheiro, era pedreiro, fazia tudo. Ele trabalhava por amor mesmo. O canto dele era por amor", afirmou.

Exemplo para a família, Reginaldo levou o evangelho para a casa de Suzana Helena e realizou trabalhos gratuitos, mesmo passando dificuldades em algumas momentos.

"Ele ensinou tudo. Ele trouxe o evangelho fortemente para a minha casa. O meu filho hoje é batizado e toca guitarra. Ele expandiu. Ele fazia louvozão, fazia obra e não cobrava nada. Muitas vezes nós passávamos o estreito dentro de casa, mas a gente ia, quando era convidado, para fazer a obra e ele tinha prazer naquilo que ele fazia", lembrou ela, emocionada e orgulhosa.

Um morto e dois baleados

Na terça-feira (4), policiais do 7º BPM (São Gonçalo) estiveram em ação no Jardim Catarina. Após confronto com os traficantes, policiais se depararam com um homem baleado. Segundo Marcello Maia, "ele não foi reconhecido como o autor dos disparos contra a tropa".

Já a Polícia Militar afirmou que um criminoso fugiu e deixou para trás um fuzil calibre 556 com 14 munições. De acordo com os policiais envolvidos na ocorrência, ele seria o suspeito que abandonou o armamento. Os agentes já prestaram depoimento.

Encaminhado para a Hospital Estadual Alberto Torres, o homem de 25 anos foi levado para o centro cirúrgico com um tiro na perna e outro no quadril. A PM não confirmou se ele está detido sob custódia na unidade médica.

"Ele não está preso, porque os PMs não conseguiram o reconhecer. Então, a delegada de Neves não quis fazer o flagrante. Mas eu estou juntando provas para ver se consigo pedir a prisão dele", destacou Marcello Maia.

Logo depois, os policiais foram informados sobre outra pessoa que havia sido baleada e já se encontrava sem vida na rua Albino Imparato. A vítima, Reginaldo Menezes, de 52 anos, foi atingida por bala perdida no tórax e chegou a ser atendida no Centro de Trauma do HEAT, mas não resistiu e veio a óbito. Ele era morador do bairro.

"Ao que parece, ele foi baleado pelos traficantes, já que foi encontrado em ruas atrás de onde estavam os policiais. Esta ocorrência foi para a DH (Delegacia de Homicídios)", explicou o delegado.

Além deles, um policial militar foi baleado durante a ação. Ele também foi atendido no Hospital Alberto Torres e já teve alta. A delegacia de Alcântara e a DH de Niterói e São Gonçalo realizam perícias e diligências para identificar de onde partiram os tiros.