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Um aplicativo que permite a realização de autoexames regulares dos pés em pessoas diabéticas. Essa é a proposta da startup “De Olho no Pé”, uma ferramenta desenvolvida em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), que tem como objetivo reduzir as complicações nos pés de pacientes com diabetes.
O programa utiliza a câmera e a vibração de smartphones para permitir que as pessoas possam realizar autoexames regulares dos membros inferiores, ação crucial para identificar o quadro em que o paciente se encontra e prevenir as graves consequências da doença.
De acordo com o Ministério da Saúde, a diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou uma resistência dos tecidos à ação da insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. Como consequência da doença, os pacientes podem apresentar o “pé diabético”, que, em casos graves, pode causar infecções ou até mesmo amputação de parte do pé ou perna.
“A gente percebe que muitos pacientes não relatam alterações nos pés e então essa avaliação fica esquecida. Se o médico não olhar para essa área do corpo, não vai fazer o diagnóstico e, normalmente, as pessoas não trazem essa queixa, esquecendo de lesões, problemas nas unhas e calos nessa região. A neuropatia diabética causa perda da sensibilidade dos pés, pode mudar a anatomia do pé e aumentar o risco do desenvolvimento de lesões, que, agravadas pela doença, podem evoluir para estágios mais avançados e até amputações”, disse a professora do Departamento de Medicina Clínica da UFF e diretora médica da startup, Débora Vieira Soares.
Diretor-executivo da startup (CEO), Wender Emiliano Soares explicou que teve a ideia de testar a sensibilidade periférica do pé utilizando a vibração do smartphone e procurou a professora, para saber se era possível fazer essa ferramenta. A partir disso, desenvolveram as parcerias com a UFF e entraram em contato com outros laboratórios de computação da universidade, para trabalharem com alunos de ciência da programação.
A UFF oferece suporte acadêmico e de pesquisa para o aplicativo, além de contribuir para a validação científica, supervisionar as pesquisas e colaborar com publicações científicas. A Agência de Inovação da UFF (AGIR-UFF) fez a assessoria e o financiamento necessários para a validação das patentes que protegem a tecnologia desenvolvida pela startup, garantindo a propriedade intelectual do produto. Além disso, dez pacientes do ambulatório de endocrinologia do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF) participaram do teste piloto de avaliação do aplicativo.
Para reconhecer as lesões e alterações nos pés dos pacientes, o “De Olho no Pé” utiliza um banco de fotos para ensinar a Inteligência Artificial (IA). O aplicativo também faz uso da vibração dos smartphones para testar a sensibilidade periférica das pessoas.
“A realização da foto é muito importante para motivar o paciente a fazer o autoexame dos pés, que deveria ser diário, e o médico também vai poder usar essa foto para fazer análises. A vibração é uma ferramenta adicional, porque ajuda a gente a entender se a sensibilidade do pé dos pacientes está reduzida. Existem outros tipos de sensibilidade, mas somente a vibração pode ser testada através do aplicativo”, informou Débora.
Segundo Wender, a intenção do aplicativo é também orientar as pessoas por meio de informações relevantes sobre a doença e estimular a presença regular em consultas médicas. Em outra área do app estará disponível uma cartilha educativa com informações relevantes sobre a doença e cuidados com os pés, visando estimular o autocuidado e contribuir para a prevenção de amputações e outras complicações graves.
“Sabemos que, hoje em dia, os papéis informativos não são tão efetivos e, na internet, as informações são confusas, além de haver muita desinformação. Por isso, o aplicativo vai ter um ambiente para facilitar o acesso a orientações importantes e confiáveis sobre como cuidar da diabetes e dos pés”, explicou a docente.
A expectativa é que o “De Olho no Pé” seja lançado para o público geral no próximo ano. Para isso, a equipe ainda busca parcerias estratégicas com prefeituras, governos estaduais e planos de saúde para viabilizar e expandir o alcance do aplicativo.