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Foto do autor Luiz Antonio Mello Luiz Antonio Mello
Por: Luiz Antonio Mello Data da Publicação: 15 de março de 2025FacebookTwitterInstagram

Uma cena do filme sobre o Queen, “Bohemian Rhapsody” mostra um diretor de gravadora impedindo a banda de gravar a música título do filme. Alegava que as rádios de sucessos só tocavam músicas de três minutos, e que “Bohemian Rhapsody” tem seis.

A banda brigou, dizia que é uma música conceitual, mas o diretor se negava categoricamente. O Queen acabou abandonando a reunião e, na saída, Freddie Mercury disse “você vai entrar para história por ter perdido o Queen”.

Empresários e advogados negociaram e o tal diretor concordou que “Bohemian Rhapsody” fosse o lado B de com single (compacto) e uma faixa do meio do álbum “A Night at the Opera”, lançado em 1975, tendo a bordo “Love of my Life”, música que Freddie fez para o amor de sua vida, Mary Austin.

Importante esclarecer que o esquema era esse mesmo. Em todo o mundo as rádios que tocavam sucessos só admitiam músicas com até três minutos de duração porque o mercado achava que o ouvinte só aturava esse tempo. O mercado achava que o ouvinte escutava, mas não ouvia músicas, tratadas como meras ferramentas de negócio.

Basta ouvir os Beatles no começo. Musiquinhas curtas, fáceis, limitadas pela guilhotina de três minutos.

As rádios de sucesso aqui no Brasil eram macacas de imitação das americanas e, claro, só tocavam músicas assim, de três minutos. Quando a música era importante financeiramente e passava desse tempo era mutilada pelas rádios, que cortavam a introdução, o final e muitas vezes partes do meio.

Mais: as FMs brasileiras de sucesso, além de determinarem o limite de tempo só tocavam 50 músicas por dia, repetindo, repetindo, repetindo. Era nessa hora que entrava o jabá, quando metiam dinheiro por foram para algumas emissoras tocarem exaustivamente seus artistas.

O curioso é que as gravadoras reclamavam desse sistema, os artistas idem, os anunciantes e o público também, mas ninguém mudava nada.

Mudar dá trabalho. Se posicionar, assumir, tomar posição, isso tudo dá trabalho.

Contrariando essa fórmula a Fluminense FM entrou no ar em 1982 com músicas inteiras e a programação era feita com tantos artistas que uma música só era repetida uma vez por semana. O mercado adorou, os ouvintes mais ainda e a rádio acabou entre as líderes em audiência, fenômeno e mito até hoje.

Mais tarde, o saudoso Eduardo Andrews assumiu a direção da Transamérica FM e tacou “Faroeste Cabloco” da Legião (8 minutos e cacetada), além de “Eduardo e Monica” e outras. Andrews também não mutilava as músicas internacionais.

Conclusão, o mercado caiu de joelhos, ouvintes e publicitários enterraram a fórmula de três minutos nas rádios (uma emissora insistiu e caiu de segundo para décimo oitavo). Mas todas não abriram mão de tocar apenas 50 músicas por dia.

O jabá prevaleceu.

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