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Eleito no último domingo (27), Rodrigo Neves (PDT) governará Niterói pela terceira vez a partir de 1º de janeiro de 2025.
O pedetista teve a preferência de 57,2% dos eleitores enquanto Carlos Jordy (PL) obteve 42,8% dos votos válidos.
Em entrevista para A TRIBUNA, Neves reconheceu os problemas da cidade e diz que melhorar aspectos como a saúde, através da criação de supercentros, além de reduzir o número de pessoas em situação de rua.
O prefeito eleito prometeu ainda diálogo com os governos estadual e federal para melhorar a questão da violência e a mobilidade na cidade. Veja a entrevista completa:
AT - Prefeito, o índice de abstenções na cidade foi alto, superando até a votação do segundo colocado, Carlos Jordy. Para o senhor, isso indica que o eleitor deseja mudanças?
RN - A abstenção nessas eleições foi menor do que em 2020 e segue a média histórica do Brasil e das cidades brasileiras.
Contudo, é claro que precisamos incentivar a participação de todos.
Tivemos uma vitória expressiva, conquistando todas as zonas eleitorais e regiões de Niterói.
Essa vitória reflete o nível de conscientização do cidadão de Niterói.
Somos uma cidade com uma população esclarecida; sempre que enfrentamos ameaças, nos unimos contra riscos de retrocesso. A cidade votou a favor de uma boa gestão.
A população reconhece o trabalho realizado nos meus primeiros oito anos como prefeito, quando tiramos do papel obras importantes, como o túnel Charitas-Cafubá, enfrentamos uma pandemia sendo exemplo para o Brasil, com apoio a pequenas empresas e profissionais liberais e criamos o Hospital Transoceânico, o primeiro hospital voltado a salvar vidas.
Assim, a cidade votou tanto pelo reconhecimento de uma gestão eficiente quanto pela proteção contra retrocessos.
Nossos cidadãos decidiram evitar o risco de um extremista despreparado, que fez campanha contra a vacina, apoiou e votou no Congresso Federal pelo armamento de agressores de mulheres, defendeu o desmatamento da Mata Atlântica e atacou a democracia em 8 de janeiro de 2023.
Niterói, mais uma vez, demonstrou civilidade e compreendo a responsabilidade de fazer um governo ainda melhor.
Aprendi com meus erros e acertos e me comprometo novamente a trabalhar todos os dias para transformar Niterói na cidade com a melhor qualidade de vida do Brasil.
AT - Este será seu terceiro mandato e ainda há desafios a serem solucionados na cidade, como a questão da população em situação de rua. Quais são suas propostas para esse tema e para áreas como saúde, educação e segurança?
RN - Transformamos juntos a cidade de Niterói, superando desafios desde 2013, quando assumimos a Prefeitura em uma situação difícil: a cidade estava endividada, com salários atrasados, obras paradas e o Hospital Getulinho fechado.
Ao longo de oito anos de mandato, enfrentamos muitos desafios e fizemos de Niterói a cidade com a melhor qualidade de vida do Estado do Rio de Janeiro.
Agora, nosso objetivo é mais ambicioso: queremos fazer de Niterói a melhor cidade para se viver e ser feliz em todo o Brasil.
Para isso, precisamos avançar na área da saúde. Niterói já foi um exemplo com o programa Médico de Família e, em parceria com a Fiocruz, implementamos o método Wolbachia, trazido da Austrália, que fez de Niterói a única cidade sem epidemia de dengue no ano passado. No entanto, precisamos avançar ainda mais.
Logo no início do governo, vamos contratar mais 200 médicos para as unidades básicas de saúde, priorizando aquelas que atendem às populações mais carentes e nas regiões mais afastadas.
Além disso, vamos criar supercentros de saúde para reduzir o tempo de espera por consultas com especialistas e exames, resolvendo outra questão crítica da cidade.
Estou certo de que podemos dar esse passo e fazer da saúde pública municipal de Niterói uma das melhores do Brasil.
Sobre a questão das pessoas em situação de rua, esta é outra prioridade.
Esse problema se intensificou após a pandemia, não só em Niterói, mas em diversas partes do mundo. Temos um programa integrado que une ações de ordem pública, saúde e assistência social para enfrentar essa situação.
Vamos resolver esse problema com uma ação firme e humana, assim como enfrentamos a criminalidade.
Encontramos a cidade em um cenário caótico, com mais de 220 carros roubados por mês e o temor de sair às ruas.
Implantamos o programa Niterói Presente, o CISP, o cerco eletrônico nas entradas da cidade e ações integradas com políticas públicas sociais.
Outro aspecto importante é a transição econômica de Niterói, de uma economia baseada no petróleo para uma economia de serviços, verde e focada no conhecimento do século XXI.
Nossa proposta é transformar o Centro de Niterói em um grande polo de inovação, atraindo empresas de base tecnológica e incentivando estudantes universitários a permanecerem na cidade, com auxílios para que possam residir no centro.
Esse será um importante vetor de desenvolvimento nos próximos anos, com um centro de convenções ao lado do Caminho Niemeyer, arenas para eventos na Concha Acústica e melhorias na acessibilidade e iluminação.
Queremos revitalizar o Centro com o mesmo cuidado que dedicamos à Região Oceânica nos últimos anos.
AT - O senhor mencionou que essa foi uma das eleições mais violentas da cidade. Ontem, o seu oponente afirmou ter "plantado uma semente". Como o senhor vê essa declaração?
RN - Confesso que eu não sei qual é a semente que ele plantou. Mas o fato que o segundo turno foi uma oportunidade para que a população conhecesse o verdadeiro Jordy.
Ele escondeu no primeiro turno que votou a favor do desmatamento da mata atlântica, que votou a favor do armamento a agressor de mulheres, que os apoiadores votaram contra a moeda araribóia.
Ele escondeu, no primeiro turno, o passado que muita gente em Niterói não conhecia de violência do Carlos Mattos e a posterior mudança do seu sobrenome para esconder o passado e, ao mesmo tempo, poder se candidatar como Carlos Jordy.
Prova disso que a rejeição dele foi tamanha em todas as regiões da cidade e nós tivemos uma vitória em todas as zonas eleitorais.
Agora, nós sofremos uma campanha baseada em falsas notícias, algumas que a Justiça Eleitoral solicitou que eles retirassem do site e ele não retirou.
Esse foi o caso da notícia dos 20 mil cargos comissionados quando não são nem 2800, que Niterói tinha 70 secretarias, quando na verdade eram 28.
AT - No dia 22 de novembro, será definido quem assumirá o serviço aquaviário das Barcas. O senhor pretende subsidiar a tarifa das Barcas? E quanto ao VLT, a linha Barreto-Centro será mantida?
RN - A mobilidade é um dos principais desafios para as cidades brasileiras, especialmente na região do outro lado da Baía de Guanabara. Diferente de Nova Jersey e Nova York, que possuem túneis sob o rio, metrô e trem conectando as cidades, nós contamos apenas com uma ponte, inaugurada em 1974, que liga toda a região do Leste Fluminense, o que é insuficiente.
Niterói sofre bastante com isso, especialmente nos horários de pico, pela manhã e à tarde.
Temos um túnel, o mergulhão e mais de 80 km de ciclovias e continuaremos investindo em mobilidade urbana.
Nosso plano inclui expandir ciclovias pela cidade, além de tirar do papel o projeto da Alameda, que visa melhorar as calçadas, iluminação, o corredor de transporte e os pontos de ônibus, proporcionando mais conforto para os usuários do Fonseca e da Zona Norte.
Também vamos abrir o terminal de integração do Caramujo, reduzindo o fluxo de ônibus que chegam de outras cidades.
As barcas são fundamentais para essa mobilidade, tanto em Arariboia quanto em Charitas.
Ontem, conversei com o Presidente da República e o Governador do Estado para buscar cooperação e fazer Niterói avançar.
A partir de janeiro, Niterói se compromete a apoiar e subsidiar parte da tarifa das barcas, especialmente do catamarã de Charitas, visando melhorar a qualidade, aumentar a frequência e reduzir a tarifa.
Tenho certeza de que isso ajudará a aliviar os eixos congestionados da Roberto Silveira e da Zona Sul entre o início da manhã e o fim da tarde.
Durante a transição, estaremos trabalhando em parceria e mantendo diálogo com o Estado.
AT - Para finalizar, qual é a mensagem que o senhor deixa para a população após as eleições?
RN - Precisamos governar para todos, sem rancor ou preconceito. Serei o prefeito de todos os niteroienses, tanto dos que votaram em mim quanto dos que não votaram.
Devemos estar atentos às demandas da sociedade, que deseja melhorias e avanços. Precisamos de uma gestão mais inovadora e transformadora, sem recorrer a fórmulas de uma década atrás, pois a cidade mudou.
É preciso continuar avançando, porque governar é como uma corrida sem linha de chegada: quanto mais conquistamos, mais o cidadão espera.
Garanto a vocês que me dedicarei muito, junto com minha equipe e minha vice-prefeita, Isabel Swan, que será mais que uma vice no papel. Isabel será a primeira mulher a ocupar o cargo de vice-prefeita na história de Niterói.
Formada em gestão, ela contribuirá para que façamos um governo ainda melhor que os anteriores, com os quais saí com mais de 80% de aprovação.
Não tenho dúvidas de que, juntos, transformaremos Niterói no lugar que todos sonham, o melhor para viver e ser feliz no Brasil. A partir de janeiro, será mão na caneta e pé no acelerador.