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Greve da UFF continua: vereadores de Niterói repercutem impactos na cidade
Contingenciamento de recursos para universidades públicas é problema que se arrasta há anos
Greve da UFF continua: vereadores de Niterói repercutem impactos na cidade
Foto do autor Saulo Andrade Saulo Andrade
Por: Saulo Andrade Data da Publicação: 06 de junho de 2024FacebookTwitterInstagram
Foto: Divulgação/Aduff

Por 202 votos a favor e 57 contra, os profissionais da Educação da UFF (Universidade Federal Fluminense) decidiram, nesta quinta-feira (6), pela manutenção da greve, que completará 90 dias na próxima segunda-feira (11). O movimento das universidades federais, em todo o Brasil – destacadamente a UFF -, ecoou na sessão plenária desta quinta, na Câmara Municipal de Niterói.  Segurando um exemplar do jornal A TRIBUNA em plenário, o vereador Fabiano Gonçalves (Republicanos) chamou a atenção para uma reportagem, tratando do tema.

Segundo ele, o que os servidores federais estão questionando é a política pública da atual administração federal. Apesar da crítica, ele reconhece que os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deram um “incentivo muito grande à Educação”. “Quando vemos isso, nos causa estranheza. Há escolas do (Colégio) Pedro II que não começaram suas aulas. Não é um problema de Niterói: é sistêmico”, apontou.

Fabiano Gonçalves, Paulo Eduardo Gomes (PSOL) e Binho Guimarães. Foto: Sérgio Gomes/Ascom/Câmara Municipal de Niterói 

 

Gonçalves destacou trechos da matéria do jornal, que ouviu comerciantes de Gragoatá, que sobrevivem através do consumo dos alunos da UFF. “Eles estão sofrendo com a falta de público. Há oito comércios estabelecidos ali e há uma ameaça de quebradeira total”, disse, sugerindo ainda que o ministro da Educação, Camilo Santana, e a base de apoio ao governo federal da Prefeitura de Niterói “intervenha e faça valer o plano de governo que foi eleito”, em 2022.

Outra crítica dos parlamentares se referiu à escolha de Lula que, desde seus primeiros governos, optou por programas como o Prouni (Programa Universidade Para Todos), que visam incluir jovens de baixa renda nas universidades privadas. Na avaliação dos vereadores de Niterói, Lula falhou ao não investir na educação de base, capaz de encaminhar estudantes às universidades públicas.

“Esses sindicatos, hoje, estão arrependidos, poque cobram promessas não cumpridas”, argumentou Fabiano, que foi aparteado por Douglas Gomes (PL), apontando o governo federal atual como responsável por cortar até “R$ 40 bilhões” do Orçamento das universidades federais.

 

Douglas Gomes (PL), Binho Guimarães e Paulo Eduardo. Foto: Sérgio Gomes/Ascom/Câmara Municipal de Niterói

Poucos recursos

Trata-se, na verdade, de um problema que vem se arrastando há anos. Em 2016, o governo de Michel Temer (MDB) previu cortar até 45% dos recursos previstos nas federais para o ano seguinte. Os gestores calculavam que seriam cerca R$ 350 milhões a menos, em investimentos destinados às 63 unidades, em comparação aos R$ 900 milhões previstos.

Em 2022, o governo de Jair Bolsonaro (PL) também empreendeu um contingenciamento (bloqueio temporário até que o governo decida se o corte será ou não definitivo) de verbas para as universidades federais. Na época, o presidente da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior), Ricardo Fonseca, alertou, em coletiva de imprensa, que isso causaria impactos em todas as instituições do país, inviabilizando o funcionamento da maioria delas.  

Durante a sessão plenária desta quinta-feira, os vereadores lembraram que o governo anterior, de Jair Bolsonaro (PL), deixou de pagar precatórios – pagamento certo devido pelo poder público ao cidadão -: os valores beiram R$ 200 bilhões, que foram herdados – e pagos - pelo atual governo. Isso, em tese, segundo os parlamentares, poderia ter se refletido nas contas públicas da gestão federal que governa o país desde janeiro de 2023.

Na edição desta quinta, A TRIBUNA destacou que, de acordo com os sindicatos ligados à área de Educação, a UFF tem recursos para funcionar apenas “até o mês de setembro”. De acordo com os três comandos que integram a greve, ocorreu uma reunião com o reitor Antônio Cláudio Nóbrega e sua equipe, no último dia 20 de maio. Na ocasião, foi prometida a realização de uma audiência pública para informar sobre a situação financeira, ainda na primeira quinzena de junho. A reitoria, entretanto, não entrou em contato com os docentes, nem consultou os segmentos para tratar da data da audiência pública. “Precisamos que a promessa seja cumprida e que a audiência aconteça o quanto antes”, ressaltou o Diretório Central dos Estudantes da UFF, em sua página oficial do Instagram.

A UFF informou, em nota, que suas atividades seguem conforme o estipulado no Calendário Acadêmico e que a adesão à greve é uma decisão individual de cada servidor:

“A Administração Central da UFF reforça o seu respeito aos movimentos grevistas, em especial à luta por melhores salários e também pela garantia de condições financeiras necessárias ao pleno funcionamento da universidade. Continuamos, assim, com o nosso propósito de estabelecer um diálogo cada vez mais efetivo e propositivo com os segmentos da universidade, em defesa da educação pública de qualidade e inclusiva”.

Foto: Divulgação/Aduff

 

Haverá uma mesa de negociação dos trabalhadores com o governo federal na próxima terça-feira (10), em Brasília, e outra assembleia, com os técnico-administrativos, na próxima quinta (12).

 

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