Imagem Principal
Imagem
Morre aos 98 anos, Glorinha Beuttenmüller, fonoaudióloga das estrelas
Para além do jornalismo, com seu conhecimento de teatro e da arte da fala, foi a fada-madrinha de artistas, cantores e políticos, que a procuravam para «aprender a usar a voz». A terapeuta já moderou vozes de jornalistas como William Bonner e Fátima Bernardes, assim como atores e atrizes consagrados, como Fernanda Montenegro, entre dezenas de outras personalidades.
Morre aos 98 anos, Glorinha Beuttenmüller, fonoaudióloga das estrelas
Foto do autor LAM LAM
Por: LAM Data da Publicação: 07 de maio de 2024FacebookTwitterInstagram
Reprodução: CAL

A fonoaudióloga Glória Beuttenmuller morreu no Rio aos 98 anos. Glorinha estava em casa e a causa da morte ainda não foi divulgada.

Em sua lista de clientes estão estrelas do jornalismo como o apresentador Sérgio Chapelin quando ficou rouco por motivos emocionais. Além do apresentador, ela também trabalhou as falas de diversos comunicadores, entre eles: William Bonner, Fátima Bernardes, Ana Paula Padrão, Carlos Nascimento e Paulo Henrique Amorim.

Além do jornalismo, a fonoaudióloga trabalhou com atores na década de 1980, e foi uma das responsáveis pela criação da Casa de Arte de Laranjeiras.

Após duas décadas na Globo, ela ainda trabalhou na Band, antes de abrir uma empresa, em 1996 a Espaço-Direcional Comunicações até hoje especializada em treinamento vocal.

Biografia

Maria da Glória Cavalcanti Beuttenmüller (Rio de Janeiro, RJ, 4 de agosto de 1925 – Rio de Janeiro, RJ, 6 de maio de 2024) foi uma fonoaudióloga e escritora brasileira nacionalmente conhecida e prestigiada como a moderadora da fala do jornalismo brasileiro.

Visto ser um fiscal do imposto de consumo baseado no Distrito Federal, seu pai precisava viajar muito com a família, o que possibilitou que a futura fonoaudióloga entrasse em contato com as culturas das várias cidades e estados por onde passavam. 

Se por um lado, essa diversidade fez que ela sorvesse da riqueza de sotaques e pronúncias do país, por outro produziu nela um efeito pouco desejado — a absorção dos vários sotaques deixou sua fala quase incompreensível para muitos daqueles que a ouviam.
Para sanar esse problema, seus pais a estimularam a fazer aula de declamação. Foi a partir daí que ela se deu conta da importância da fala para a boa comunicação.

Em 1932, após se estabelecer no Rio com a família em virtude da transferência de seu pai, Glorinha inicia seus estudos de declamação. Com o tempo, passou a se apresentar em recitais e a dar aulas de declamação, iniciando o que viria a ser o alicerce de sua profissão.


Terapeuta da fala

Em meados da década de 1960, um fato curioso marcou sua carreira: uma deficiente visual precisou de ajuda para preparar uma conferência que ministraria no Instituto Benjamin Constant e chamou Glorinha para ajudá-la com certas palavras do texto às quais tinha dificuldade de pronunciar, o que fez a fonoaudióloga se dar conta de que as palavras não são apenas conjuntos de sons articulados, mas têm «cor» e forma.

Após a conferência da professora deficiente visual, Glorinha Beuttenmüller foi convidada a ministrar aulas no instituto, ensinando outros deficientes a se expressar melhor, o que a conduziu ao desenvolvimento do próprio método de ensino, que ela chamaria de «terapia da fala».

Em dezembro de 1961, um coral formado por deficientes do instituto treinados pela fonoaudióloga apresentou-se no Teatro Maison de France e o evento teve grande repercussão na imprensa carioca, o que deixou os dotes profissionais de Glorinha ainda mais conhecidos. 

A procura por seus serviços se avolumaram, principalmente vinda de profissionais que dependiam da voz para desempenhar suas funções. Nessa época ela também ministrava cursos de impostação vocal em instituições como Rádio MEC, Universidade Santa Úrsula, PUC-RJ e Uni-Rio (então Fefierj).

O Teatro de Arena, que na época era uma das companhias teatrais mais importantes do Brasil, também a chamou, e entre o fim dos anos 1960 e meados dos 70 ela atuou em emissoras de rádio cariocas (Rádio Rural, Tupi e Rádio Jornal do Brasil).

Glorinha Beuttenmüller trabalhou por dezoito anos na Rede Globo, convidada por Armando Nogueira e Alice Maria para que uniformizasse o modo de falar dos jornalistas da empresa, que eram provenientes de várias regiões do Brasil. 

Para além do jornalismo, com seu conhecimento de teatro e da arte da fala, foi a fada-madrinha de artistas, cantores e políticos, que a procuravam para «aprender a usar a voz». A terapeuta já moderou vozes de jornalistas como William Bonner e Fátima Bernardes, assim como atores e atrizes consagrados, como Fernanda Montenegro, entre dezenas de outras personalidades.

Atualmente, Glorinha lecionava na Faculdade CAL de Artes Cênicas, no Rio de Janeiro.

 

Relacionadas